#Pov (S/n)#
Eu me sentia uma adolescente de quinze anos, esperando o bendito resultado do teste de gravidez.
Eu tremia mais do que tudo, e a moça da farmácia não parava de olhar pra aliança em meu dedo. Ela deveria estar se perguntando o porquê daquilo tudo, se eu era casada.
Simples. Podia ser o meu começo, caso eu estivesse mesmo grávida e o filho fosse meu e de Zayn, e poderia ser o meu fim, caso o bebê fosse daquele maldito.
Já tinham se passado oito semanas, pra ser mais exata, dois meses. Logo uma semana depois, o celular de Zayn tocou e recebemos a noticia de que o tal do John tinha sido preso. Fora um alívio e tanto!
Zayn desceu a mão na cara dele quando fui o reconhecer na cadeia, e mesmo com os policiais ali, deixou-o com a cara cheia de hematomas. Não digo que tenha sido trágico, foi melhor ainda quando Zayn cuspiu na cara dele. Poderia ter sido imaginação, mas vi Zayn dar dinheiro a um presidiário ENORME... E eu não queria nem imaginar o destino daquele cara naquela prisão. O dele seria pior que o meu, se querem saber...
Agora eu e Tabatta fazíamos tratamentos com psicólogas. Eu já estava até que bem melhor... Mas o trauma não tinha passado.
Zayn e eu não dormíamos juntos desde o que aconteceu.
Agora eu podia me despreocupar em relação à Tabatta. Mas Kelly ainda estava por ai... Afinal, não havia provas de que ela estava envolvida, e o tal John não confessou nada. Mas era ela que eu queria pegar... Ela ainda estava no topo da minha lista, e não ia demorar pra nos encontrarmos... Eu sabia que ela viria atrás de mim algum dia.
A minha real sorte durante todo esse tempo, foi que contra sua vontade, Zayn teve que viajar para o Japão em negócios, e estava lá há duas semanas. Foi exatamente quando me dei conta da minha falta de menstruação, e entrei em pânico.
Pra falar a verdade, me atormentei dia e noite pensando nessa criança, e estava mais do que na hora da confirmação. Olhei no relógio, e vi que já era à hora de Tabatta chegar da escola. Ela já deveria estar em casa.
Foi quando a moça chegou até mim com as mãos na cintura, mascando um chiclete, e vestindo um avental azul. Ela ergueu uma sobrancelha, e me estendeu três testes de gravidez, iguais aqueles que um dia Zayn me deixara em casa de “presente”.
-Bem, você está grávida querida. – disse quando me entregou. – acho melhor você procurar um médico.
Apanhei os “palitinhos” entre os dedos, e verifiquei todos com um sinal de mais vermelho indicando “positivo”.
Senti meu mundo cair, mas nada ali me impressionava.
-Tem certeza que é correto? – não pude evitar perguntar. Ela me olhou ironicamente.
-Tenho sete filhos, querida... E todos descobri por causa desta belezinha em suas mãos. Não tem erro. – sorriu – parabéns, mamãe.
E se virou, me deixando sozinha. Joguei todos os testes na lata de lixo, e sai correndo. Eu precisava falar com um médico! Um psicólogo de preferência!
#Pov Zayn#
-Oi princesa! – ouvi a voz de Tabatta soar no telefone.
-PAPAI! – gritou do outro lado da linha – que saudades, quando você volta?
-Em breve, provavelmente daqui a uns dois dias, amor. Também estou com saudades de você, princesa... – eu podia ver seu sorriso em minha mente.
-Ah, que bom papai! – ela deu uma pausa – bem, eu e a mamãe... Quer dizer, a (S/n), estamos nos divertindo muito com o meu cachorrinho novo! Agora que temos dois não ficamos mais dividindo a atenção...
-Que ótimo querida... – sua voz era mais baixa – a mamãe esta ai?
-Não... – respondeu prontamente – ela saiu faz umas duas horas pra fazer não sei o que. Mas quando ela chegar eu digo que você ligou, pai.
-Ela esta bem, filha? – não sei por que, mais algo na voz de Tabatta se modificou.
-Falando sério, papai... – dizia mais próxima ao fone – ela anda estranha. Muito estranha! Mais não diz pra ela que eu contei... Ela chora quase toda noite quando me põe pra dormir... Diz umas coisas esquisitas... Estou preocupada, pai.
-Bem Tabatta, eu já te expliquei que...
-...Que a (S/n) passou por um trauma. É por isso que eu fico com dó dela, papai... Mas eu já me esqueci do John, não sei por que ela não esquece coitadinha.
Eu não conseguia encontrar uma forma de explicar a uma criança um trauma como o que (S/n) sofreu. Como dizer a Tabatta que (S/n) foi marcada por algo pra sempre? Não tinha como explicar a ela ainda...
Não tinha como dizer que talvez ela nunca se recuperasse.
-Não se preocupe querida... Logo estarei e volta e conversarei com a (S/n). – ouvi um movimento do outro lado da linha.
-Ah papai! (S/n) chegou, vou passar pra ela... Te amo MUUUUITO papai. – e a voz sumiu.
-Zayn?
#Pov (S/n)#
Minha voz tremeu quando Tabatta me passou o telefone dizendo que era Zayn. Mais não foi nada, nada mesmo comparado a estado do meu coração.
-Olá amor. – respondeu. – tudo Ok?
-S-sim... – gaguejei – claro. – mandei de volta. – na verdade, precisamos conversar.
Não havia como esconder por mais tempo. Eu já estava de dois meses, e logo seria evidente. Zayn não podia ficar nas sombras do assunto... Ou eu contava, ou CONTORNAVA.
-Urgente?
-Teria que ser, mas não estou muito ansiosa pra falar sobre isso com você, Zayn.
Ele sabia que eu estava estranha, isso era notável. Quando eu o chamei de Zayn, até Tabatta me olhou estranho. Era difícil numa conversa eu o tratar pelo menos em todos os momentos...
-Acho que voltarei amanhã. – sua voz ficou mais fria.
-Até amanhã, então Zayn. – não o deixei falar e desliguei o telefone.
–Vou tomar banho querida, quer vir?
Tabatta se pôs de pé e assentiu. Tomamos banho, e depois a coloquei pra dormir. Quando Zayn estava fora eu gostava de colocá-la em nossa cama pra não ficar sozinha... Era um mau costume, mas eu me sentia melhor tendo ela perto de mim.
Depois que ela adormeceu, desci pra sala e me sentei no sofá.
Comecei a pensar em como seria dali há uns meses se eu não dissesse a Zayn. Eu começaria a engordar, e minha barriga a crescer como se eu tivesse engolido uma melancia. Talvez a história da melancia colasse com Tabatta, mas não com Zayn.
Eu não podia ter certeza se o bebê era de Zayn ou do monstro.
Mas como poderia ser possível engravidar de Zayn justo agora depois de quase um ano tendo tentativas frustradas? Eu teria que conviver com a dúvida... Eu sabia que provavelmente Zayn iria me aceitar, caso o neném fosse do outro. Mas EU iria conseguir viver olhando pra uma criança que fora gerada vitima da violência?
Eu conseguiria amar algo vindo da minha desgraça? Como seria quando eu engravidasse de Zayn, e nascesse finalmente o meu bebê lindo, de olhos castanhos como os dele ou esverdados como os meus? Eu não sei dizer se o amor de mãe supera tudo, mas só sei que todos iriam sofrer... Inclusive essa criança que eu iria por no mundo.
Todos que eu amo.
Tabatta é uma filha pra mim. Como se tivesse vindo mesmo da minha barriga, como se tivesse o meu sangue. Tabatta era de Zayn, e isso a tornava mais minha do que dele. E a nova criança seria o que?
E se eu nunca conseguisse amá-la?
Eu sabia que tinha sim uma lei nos EUA permitindo o aborto no caso de estupro. Eu precisava me inteirar sobre isso, mas antes, eu precisava ir ao médico. Ele me precisava dizer tudo o que eu não queria ouvir.
O dia seguinte amanheceu, e voltei para o doutor Noah.
Ele era o único que eu podia confiar, o meu ginecologista particular. Passei pela consulta, ele me examinou, mais na hora em que bateu os olhos em mim, eu já sabia que ele sabia.
No ultra-som veio a minha confirmação da confirmação.
-Eu já disse, grávida de oito semanas, senhora Malik. – me olhou enquanto me mostrava no visor uma coisinha minúscula, que era de fato, meu bebê. Era quase invisível, mas estava ali.
Logo que sai, comecei a chorar enquanto ele me transmitia os cuidados que eu deveria tomar.
-O senhor sabe que esse bebê pode ser fruto de um estupro. – ele não m olhou diretamente, apenas assentiu - Doutor... Eu queria saber como posso fazer pra abortar.
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